Considerações sobre o uso de piercing em lábios e língua
Menina com piercing na lingua

Considerações sobre o uso de piercing em lábios e língua

Piercing é definido como a inserção de uma agulha para criar uma abertura dentro da cartilagem e da pele por motivos ornamentais ou estéticos. O piercing do corpo vem sendo praticado por várias sociedades tribais, particularmente na África, Asia e América do Sul. Recentemente a prática do piercing do corpo ganhou popularidade entre adolescentes e adultos jovens no mundo ocidental, por vários motivos: preencher demandas sociais, aumentar atratividade sexual, salientar a individualidade.

Estudos que avaliaram a prevalência de piercing em adolescentes e adultos jovens encontraram valores que variaram de 10% (5) a 51%. De especial interesse para os dentistas são os piercings dos lábios, bochechas, língua, úvula ou a combinação destes, sendo o da língua, o mais comum. As complicações locais dos piercings orais incluem: hemorragia, inflamação local, aumento do fluxo salivar, reação alérgica ao metal e trauma ao osso e dentes adjacentes resultando em reabsorção e fraturas, respectivamente.
Na verdade, todos os tipos de piercings trazem algum tipo de complicação ao usuário. Entretanto, alguns são mais agressivos por causa do seu formato, sua constituição e localização na cavidade bucal. O piercing de língua, por estar no dorso ventral da língua, que é uma região intensamente vascularizada e com uma quantidade enorme de movimentos (músculo) causa muita preocupação.

Assim, as consequências da instalação deste piercing vão desde o ato da perfuração, à hemorragia, ao risco de infecções, ao edema, à dificuldade na fala, à mastigação e à deglutição, à possibilidade de aspiração dos componentes do piercing, além de complicações locais, como: trauma aos tecidos de sustentação, quebra, trincas e fraturas coronárias. Já os outros tipos de piercing, como o de lábios, bochecha e freios, são tão agressivos quanto o lingual, mas se localizam em regiões menos suscetíveis a trauma.
O piercing oral não é aconselhável a ninguém, embora pacientes portadores de cardiopatias estejam mais suscetíveis a infecções oriundas da cavidade oral, e o piercing é uma porta permanente aberta para infecções. Existem, descritos na literatura, alguns casos de complicações graves de cardiopatias ligadas ao uso de piercing oral. Além disso, o piercing é uma agressão local, que pode modificar os tecidos da cavidade bucal, transformando-os numa lesão com aspecto branco (leucoplasia),e toda leucoplasia pode se tornar um câncer. Sistemicamente, o piercing oral tem sido identificado como vetor na transmissão de vírus, tais como: HIV, hepatite (B, C, D e G), herpes simplex, entre outros.

O piercing não é indicado, mas se for utilizado, deve ser higienizado, retirando-o e escovando-o com solução de clorexidina a 0,12% pelo menos 3 vezes ao dia. O fumo e álcool associado ao piercing aumentam o risco de câncer bucal. Além da preocupação com as possíveis complicações dos piercings orais, existe uma maior que é a falta de conhecimento destas complicações por parte da população de adolescentes e adultos jovens.

Estudos foram feitos para descobrir a causa da falta de interesse de um grupo de adolescentes por tatuagens e piercings dentro de um grupo em que a maioria usava ou tinha desejo de usar estes adornos corporais. A maior causa encontrada desta falta de interesse era a alta percepção dos riscos à saúde. Consequentemente um programa de educação sobre os riscos destas práticas dirigidas a grupos de adolescentes, poderia diminuir a ocorrência destas complicações.

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