Rinite pode causar problemas de mastigação, deglutição e fala
Garoto com sardas chupando uma laranja

Rinite pode causar problemas de mastigação, deglutição e fala

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, 47 milhões de pessoas sofrem de diversos tipos de rinite. No outono, os casos aumentam pelo menos 40%. As principais causas da rinite alérgica estão ligadas a fatores ambientais em que alguns antígenos como, por exemplo, ácaros, pelos ou poeira, podem desencadear uma crise.

Os principais sintomas que os pacientes portadores de rinite alérgica apresentam são obstrução nasal (entupimento), coriza, espirros (algumas vezes o paciente espirra mais de 20 vezes seguidas) e coceira no nariz. A doença pode levar a pessoa a respirar de forma errada. Além disso, pode influir na mastigação com movimentos incorretos e dificultar na hora de engolir a comida.

A fim de investigar outras disfunções da rinite alérgica, uma pesquisa divulgada pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), de autoria da Fonoaudióloga Catiane Maçaira de Lemos, comparou as funções orofaciais de respiração, mastigação, deglutição e fala, além da oclusão dentária em 150 pacientes, com idade entre 6 e 55 anos de idade. Metade tinha respiração nasal (sem queixas, sintomas ou sinais obstrutivos) e a outra metade tinha rinite alérgica.

As dificuldades encontradas durante a pesquisa foram respiração oral na maioria das crianças, adolescentes e adultos; mastigação com a boca aberta verticalizada e com presença de amassamento do alimento com a língua em vez da trituração; projeção anterior de língua durante a deglutição; e grande porcentagem de má oclusão dentária. “Embora haja uma tendência natural de melhora na maneira de respirar, ou seja, quanto mais velha é a pessoa, melhor ela respira, isso não foi observado em quem tinha a doença”, ressalta a pesquisadora.

Quase 83% das crianças com rinite respiravam pela boca, 97% dos adolescentes apresentaram esse tipo de respiração, atingindo a totalidade [100%] nos adultos, ou seja, em pessoas com rinite, houve uma piora na forma de respirar. No grupo de pessoas sem a doença, todos mastigavam corretamente. Foi possível concluir que 80% dos participantes que tinham rinite
mastigavam de forma incorreta.

Segundo a Fonoaudióloga, o sintoma mais comum na rinite é a obstrução nasal. “É isso que leva à postura de lábios abertos e à de língua rebaixada, causando a flacidez da musculatura de lábios, língua e bochechas. Esta flacidez gera os problemas funcionais”, explica.

Catiane Lemos afirma que o achado mais importante do estudo foi que estas alterações não regrediram com o avanço da idade. “Na verdade, em algumas funções, os adultos tiveram porcentagem até maior de alterações e presença de queixas adicionais com dores e estalos na ATM. Isso mostra que estes pacientes permanecerão com estas alterações caso não sejam acompanhados por uma equipe multidisciplinar (composta por Cirurgiões-Dentistas, Otorrinolaringologistas e Fonoaudiólogos). Não podemos esquecer de que a incidência de rinite alérgica aumenta a cada ano no mundo todo”, finaliza.

Papel do Cirurgião-Dentista e do Otorrinolaringologista no tratamento da rinite

A respiração oral na criança prejudica o crescimento adequado da face e da arcada dentária motivando os tratamentos ortodônticos para sua correção. Além disso, acarreta a maior incidência de periodontites e cáries.

A obstrução nasal crônica faz com que se busque uma alternativa mais curta e mais fácil de ventilação pulmonar, por via bucal. Logo, as fossas nasais e os seios maxilares não recebem o estímulo adequado para o desenvolvimento crânio-facial. “Quanto mais cedo se diagnostica o desenvolvimento insuficiente dos maxilares, mais simples é a abordagem terapêutica de interceptação e resolução do problema. Cabe, portanto, ao profissional de Odontologia, o monitoramento da evolução da criança quanto aos aspectos relativos ao pleno desenvolvimento crânio-facial”, observa o Cirurgião-Dentista, professor da disciplina de Prótese Dentária da Faculdade de Odontologia da Universidade Cruzeiro do Sul, Orlando Magalhães Filho.

Outros sintomas da obstrução nasal são faringites e doenças das vias respiratórias inferiores como, por exemplo, bronquites e pneumonias nos pacientes com esta predisposição. “Há, também, uma relação das dificuldades em se respirar pelo nariz com os quadros de apnéia obstrutiva do sono tanto nos adultos como nas crianças”, afirma o diretor do Departamento de Otorrinolaringologia da APM (Associação Paulista de Medicina), Antonio Carlos Cedin.

Cedin ressalta que “é interessante informar a população sobre a necessidade do diagnóstico precoce em casos de dificuldades respiratórias para o seu correto tratamento e para prevenir as consequências que podem ser de grande gravidade como, por exemplo, as insuficiências cardíacas congestivas por hipertrofia cardíaca nas crianças obstruídas”.

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